quinta-feira, 16 de junho de 2011

Das despedidas.

Quando eu tinha 18 anos, entrei para a universidade. A alegria foi tamanha, apesar de ser muito longe de casa. Mas, eu estava aberta a isso, aberta ao novo, ao inesperado. E assim, veio a primeira despedida. Da família, do namorado, dos amigos, da casa, do quarto, da cama, da TV.

Pouco tempo depois, tive de me despedir de três pessoas amadas que resolveram deixar esse mundo e olhar por nós lá de cima. Esse ano foi difícil... tem que ter muito equilíbrio emocional pra entender que nunca mais vamos ver aqueles que amamos. Essa é a pior despedida.

As coisas foram se ajeitando, a ‘step-family’ de Ouro Preto foi suprindo a ausência da família de sangue, a vida voltou a ser doce. Encontrei almas-gêmeas que a vida não permitiu escaparem de mim! Foram (e são) as minhas estrelas! Carrego comigo, em mim. E chegou a vez de me despedir dessas estrelas. Eu tinha que ir pro mundo, tinha que me aventurar pra me entender, me conhecer. E fui. Mais uma despedida que doeu. Porque, quando eu voltasse, eu não teria mais dentro da minha segunda casa aquelas com quem eu dividia minha vida, minhas coisas, minhas risadas, minhas carências. Não teria os filmes, os cafés, as músicas, as encheções de saco, os almoços de domingo às 6 da tarde, missas, loucuras, aquela cumplicidade, o carinho, o amor, o cuidado, o mimo e os sorrisos. Elas iriam embora antes que eu pudesse estar aqui. Talvez, tenha sido melhor. Sou eu que vou embora dos lugares, não os outros. Sou eu que recomeço.

Fui pro mundo feliz e leve... com sede de conhecimento, crescimento e liberdade. Pois, me tornei mais sábia, mais madura e mais livre. Exatamente como eu queria. Mas, eu não queria voltar. Queria pra mim aquela vida e queria que fosse pra sempre. Aí, veio a reflexão e eu percebi que tinha pendências aqui. Acadêmicas e pessoais. Minha vida, de fato, era aqui. (In)felizmente. Deixei pra trás tudo o que tinha me feito mais feliz na vida toda e voltei com a cara e a coragem. Dei aquele ‘adeus’ não querendo dar. Entrei naquele avião querendo ficar. A diferença dessa despedida para as outras é que eu não estava partindo ao novo, ao inédito. Eu estava voltando pra uma vida que eu não sabia se queria mais. E eu chorei. Chorei por semanas. Fiquei sem comer até a gastrite me consumir.

Mas, o que eu não sabia é que havia o novo. Havia pessoas novas com quem morar e tentar conquistar tudo aquilo que eu tinha antes. Havia uma turma nova na universidade. Havia professores novos. Havia novos amigos a se fazer. E o tempo curou. A liberdade falou tão alto que quase gritou! E eu fiz tudo o que eu quis. Encontrei pessoas com quem pude contar quando órfã das minhas estrelas. Encontrei o colo, o abraço, a amizade, o amor e tudo mais!

Acabei prolongando a estadia, mas as coisas não ficaram mais fáceis. Elas pioraram. Ficaram pesadas, exaustivas, nocivas à minha saúde física e mental. Tentei lutar contra isso, mas o corpo não agüenta tanta pressão, não é mesmo? E o meu desabou. Desabou e chorou. Por dentro e por fora. Não é fácil conviver com uma coisa a sua vida toda e todos só entenderem e respeitarem depois que chegamos ao nosso limite. E foi isso que aconteceu comigo.

E lá se aproxima mais uma despedida. 5 dias. Espero que meu coração agüente, pois carrego comigo pessoas que se tornaram essenciais, não importa o que tenha acontecido ou o que aconteça!



Obrigada, DIFERENÇA!